quinta-feira, abril 06, 2006

Texto de André X, sobre o tal "Multshow Renato Russo"!

André X, membro e Fundador de uma Tal Plebe (yeah!), comenta o programa de televisão feito com parte do material do DVD "Multishow ao Vivo Tributo a Renato Russo uma Celebração".

a fonte é:

"http://www.xdaquestao.blogspot.com/"

Nota: o referido senhor estava lá!

a saber:

"Multshow Renato Russo.

Faço minhas as palavras dos leitores deste blog. Pelo menos no que têm em comum. Acho importante homenagens, pois registram o agradecimento de pessoas influenciadas pelo artista homenageado. É uma forma de demonstrar gratidão pela obra, do carinho pelo falecido. E o Renato tem uma obra fantástica. Morria de inveja – no bom sentido da palavra – de como pegava qualquer música medíocre e conseguia transformar numa obra prima, simplesmente cantando por cima. O cara era um gênio, e sofria como os melhores gênios.

Acho que o grande deslize foi a falta de pesquisa dos produtores. Poderiam ter escolhido bandas e músicos que realmente conviveram com o Renato ou que foram fortemente influenciados pelo cara. Cadê os Paralamas? Poderiam ter negociado uma trégua entre os ex-legionários com a família Manfredini. Só isso teria dado um salto quântico na qualidade do programa. Poderiam ter ouvido os fãs, quem que eles gostariam que tivessem lá? Mas, como sempre, foi tomado a via mais curta, a mais rápida, a mais barata. Entendo o porquê, isso não é uma crítica. O mercado vive um de seus piores momentos e isso força esse tipo de atitude.

Não que não estivesse bem organizado, estava. Mas, nos bastidores, não havia clima de homenagem, mas sim de fabricação de produto para vender às massas. No camarim, músicos que não se falavam de um lado, executivos da EMI/Multishow do outro. Não houve aquele necessário papo comunitário antes do show: gente, estamos aqui para prestar uma homenagem a um cara muito legal, então vamos despir dos estrelatos e bocas e olhares e vamos fazer o máximo para passar um recado legal para as milhares de pessoas que vão ver esse show. Acho que, na noite inteira, não ouvi ninguém falar do Renato. Nenhuma palavra póstuma, nenhuma referência ou oração. Só cifrões nos olhos de todos.

Sobre os artistas, alguns comentários. Charlie Brown Jr. até que tocou direitinho, mas é o típico artista que o Renato nunca teria nem no mesmo palco. O cara é declaradamente homofóbico, prega a violência e o desrespeito. O Russo abominava pessoas assim. O Paulo Ricardo foi o mais comédia. Tentou vir vestido com uma camisa igual a do Renato sem conseguir, acho que sua personal-styler vacilou. Aquela barba por fazer, aquela voz sussurrada, me fizeram rolar de rir. O cara tá perdido, vejo nos seus olhos. Aquela louca que não sei o nome me assusta! Caramba, é assim que os MPBistas vêem os roqueiros? Coisa doida! Um dia vamos nos vingar, vão chamar a Plebe para homenagear o Caetano ou o Milton e, daí, vou imitar um sambista – ou pelo menos o que acho que um sambista faz. Biquini foi legal, o mais peitudo, soube retrabalhar um clássico. Titãs uma bola fora, nisso discordo de vocês. Não entendo aquele Toni Belloto. Ele e a mulher fazem propaganda de tudo, de café à Sonrisal, passando por campanhas politicamente corretas e instituições financeiras. São o próprio casal-classe-média-me-dei-bem-na-vida padrão. E no show vem com aquela posse de revolucionário. Porra, já vi esse guitarrista na ilha Caras (em fotos, claro)! Eles nunca tiveram nada a ver com a Legião, sempre morreram de inveja da facilidade do Renato colocar suas emoções tão abertamente nas suas canções. Duvido que numa homenagem séria tivessem sido sequer cogitados. Cidade Negra foi a bola preta da noite, sem trocadilhos. Eles fazem qualquer e todas as homenagens possíveis. Péssima versão de uma música importantíssima. São a verdadeira banda genérica, tucana, em cima do muro. Tudo vai, tudo vale. Deviam entrar para o PT.

Se ninguém notou, e eu acho que não porque na TV eu também não consegui ler, na minha camisa, uma homenagem aos químicos. Ao contrário do Renato, eu adorava química! Foi minha segunda opção no vestibular. Quando me lembro da dificuldade que foi a gente participar, de termos da abrir mão do Txotxa, acho que a energia com que tocamos foi resultado disso. Uma pena mesmo terem cortado a reação do público quando a gente entrou. Cantaram Até Quando, pediram Plebe! Foi emocionante e eu agradeço a todos que lá estiveram presentes."