domingo, dezembro 18, 2005

Renato Russo: Uma celebração

15/12/2005

A Fundição Progresso, espaço já tradicional na Lapa carioca, foi palco de um momento muito especial neste final de ano. Muitos dos principais artistas de nossa cena musical, dentre bandas, cantores e cantoras, participaram da gravação do especial Multishow ao Vivo - Renato Russo, Uma Celebração na noite de 13 de dezembro.

O especial, que será exibido pelo canal da Globosat em março próximo, vira DVD e CD pela EMI Music na mesma ocasião. Com áudio produzido por Liminha e vídeo dirigido por Darcy Burger, a gravação foi exatamente aquilo que o título já prometia: uma celebração à música de um dos mais importantes compositores da música brasileira no século XX.

A noite foi aberta com o tema intrumental "O Grande Inverno da Rússia", composto por Renato Russo e Ico Ouro Preto (irmão de Dinho) na pré-história da Legião Urbana e nunca lançado em disco. Na seqüência, a primeira parte da noite foi conduzida por cantores e cantoras, acompanhados pela banda montada para a ocasião - com Bruno Migliari (baixo), Billy Brandão (guitarras), Marcelinho da Costa (bateria) e Maurício Barros, fundador do Barão Vermelho, nos teclados, além do guitarrista Fred Nascimento (ex-músico contratado da Legião Urbana, entre 1990 e 1994).

Primeiramente subiu ao palco o cantor Nasi, numa fantástica interpretação para "Música Urbana 2", fiel não só à composição blueseira original, como também à própria carreira solo do vocalista do Ira!. Na seqüência, o Pato Fu - banda mineira dos anos 90 que gozava da estima de Renato em seus últimos dois anos de vida - fez-se representado pela cantora Fernanda Takai e pelo guitarrista John Ulhoa, numa interpretação de "Eu Sei" fiel à gravada pela própria banda em seu CD de 1998. Chorão também representou bem sua banda Charlie Brown Jr., acompanhado do guitarrista Thiago numa surpreendente versão de "Canção do Senhor da Guerra".

Amigo de Renato Russo desde antes da existência da Legião Urbana ou do RPM, o cantor Paulo Ricardo - com quem Renato gravou um raro dueto em 1995 - subiu ao palco em seguida, para cantar não só o raro "Boomerang Blues" como também o sucesso "Monte Castelo". Vanessa da Mata fez então uma nova releitura para o clássico "Por Enquanto", com a responsabilidade de sua experiência e o peso do sucesso da canção em si. Toni Platão não fez diferente, ao aceitar interpretar a longa e difícil "Faroeste Caboclo", inevitavelmente já definitiva na voz do próprio Renato Russo há quase 20 anos. Por fim, a cantora Isabella Taviani pescou do repertório de Renato Russo a bela "Vinte e Nove" e fez uma releitura aplaudida pelos presentes.

A segunda parte da noite foi ainda mais incendiária, não só pela participação de bandas contemporâneas de Renato Russo e sua Legião Urbana nos anos 80, como também de bandas por ele influenciadas nos anos 90 e 00. Pra começar, os colegas brasilienses da Plebe Rude, cantando "Química" numa visceral interpretação de Phillipe Seabra e Clemente (dos Inocentes, de São Paulo). Subiu depois então a banda Tantra, formada por Fred Nascimento (guitarra e voz), Gian Fabra (baixo) e Carlos Trilha (teclados/guitarra), ex-músicos da Legião Urbana nos anos 90, além do baterista Lourenço Monteiro. O quarteto interpretou "Fábrica" e foi sucedido no palco pelos Autoramas, liderados pelo brasiliense Gabriel Thomaz, guitarrista do Little Quail nos anos 90. A seu lado o baterista Bacalhau, ex-Planet Hemp, e a baixista Selma Vieira, numa explosiva versão de "Tédio (com um T bem grande pra você)", hiper brasiliense "early 80s". E aí, para não perder o pique, veio então o Forfun, banda da hora nos palcos cariocas, com uma esporrenta interpretação para o punk rock "Metrópole".

De volta aos anos 80, surgem no palco da Fundição Progresso os rapazes do Biquini Cavadão. Amigos de Renato desde os velhos tempos, quando o artista chegou a participar de um de seus primeiros discos, eles optaram por fazer uma releitura country & western acústica de "Eduardo e Mônica", aplaudidíssima pela platéia ensandecida. O Leela vem a seguir, com uma releitura para a quase obscura "Vamos Fazer Um Filme", abrindo caminho para que o Cidade Negra conduzisse a platéia à reta final da noite, com "Geração Coca-Cola".

Fãs de Renato Russo e apaixonados pelo rock brasileiro, os rapazes dos Detonautas fizeram uma releitura bastante fiel de "Daniel na Cova dos Leões", enquanto os Titãs guardavam na manga a inédita "Fábrica 2", lançada no palco da Fundição Progresso, e seguida pelo clássico "Que País é Este". O Capital Inicial fecharia a noite com "Tempo Perdido", mas não antes de Dinho Ouro Preto cantar a rara "Marcianos Invadem a Terra", que ele havia gravado com exclusividade em seu primeiro e único CD solo há dez anos. Foi Dinho que conduziu a platéia ao delírio, ao regê-la cantando "Tempo Perdido" por muitos minutos, ao término da noite, por volta das 4hs e 30 minutos, quase seis horas depois de iniciada a maratona que foi a gravação de Multishow ao Vivo - Renato Russo, Uma Celebração.